O refluxo gastroesofágico consiste na passagem de conteúdo do estômago, habitualmente ácido, para o esôfago, causando sintomas de queimação ou sensação de azia.
Este evento ocorre frequentemente em adultos saudáveis e não é sinônimo de qualquer doença. Porém, se os eventos de refluxo se tornam muito frequentes podem gerar sintomas ou provocar lesões da parede esofágica configurando doença de refluxo gastroesofágico (DRGE).
A DRGE é uma condição muito frequente, ocorrendo em até 33% da população mundial e atingindo ambos os sexos e todas as faixas etárias.
Classifica-se em DRGE erosiva e não erosiva, de acordo com a existência ou ausência de lesão esofágica na avaliação por endoscopia digestiva alta (EDA).
Quais as causas e fatores de risco?
A DRGE ocorre quando existe um desequilíbrio entre os fatores que agridem e os que protegem a mucosa (a camada mais interna da parede do esôfago).
Após a deglutição, o esôfago direciona o alimento até o estômago. Na transição entre esôfago e estômago existe um músculo circular (chamado esfíncter esofágico inferior) que relaxa para permitir a passagem dos alimentos e se contrai após, evitando o refluxo.
Se houver anormalidades dos movimentos do esôfago ou defeitos no funcionamento desse esfíncter, o ácido do estômago pode passar para o esôfago que, a longo prazo, acaba gerando inflamação da mucosa, conhecida como esofagite.
Fatores de risco para a DRGE:
• Hérnia do hiato;
• Obesidade;
• Gravidez ou tratamento com hormônio estrogênio;
• Tabagismo;
• Diabetes;
• Doenças que aumentam a secreção de ácido no estômago.
• Alimentos como: frutas cítricas, gordura, chocolate, pimenta, os derivados do tomate, a cafeína e o álcool provocam relaxamento do esfíncter esofágico inferior, podendo contribuir para a ocorrência de refluxo.
Quais são os sintomas?
Existem sintomas “típicos” para DRGE:
Azia: sensação de queimação atrás do tórax e na garganta logo após a refeição e que piora em posição deitada. Regurgitação: percepção na boca ou garganta da presença de conteúdo gástrico refluído.
Outros sintomas são: dor na parte central do tórax, dificuldade em deglutir, dor ou sensação “nó” na garganta, produção de saliva em grande quantidade, tosse crônica ou rouquidão.
Quais são as complicações?
• Esofagite: são “feridas” do tipo erosões ou úlceras devido ácido na mucosa do esôfago, que geram dor, sangramentos ou dificuldade de engolir.
• Estenose do esôfago: a cicatrização da mucosa na esofagite pode levar ao desenvolvimento de cicatrizes no esôfago que causam diminuição da largura do órgão (estenoses) e podem dificultar a passagem de alimentos.
• Esôfago de Barrett: ocorre na mucosa do esófago uma adaptação e transformação do tecido para se defender das agressões ácidas repetidas. Essa nova mucosa que surge chamada Esôfago de Barrett têm um maior risco de desenvolvimento de câncer.
Diagnóstico
História clínica e sintomas.
Exames que avaliam esôfago e estômago: Endoscopia digestiva alta, pHmetria de 24 horas (consiste na utilização de um cateter durante 24 horas, que é introduzido pela narina até ao estômago e realiza a avaliação contínua do pH do esôfago).
Outro exame que pode ser solicitado é a manometria esofágica, exame no qual é feita uma avaliação da posição e função do esfíncter esofágico inferior e dos movimentos do esôfago.
Qual o tratamento?
- Mudanças dietéticas e do estilo de vida com emagrecimento e exercícios físicos.
- Medicamentos que diminuem a secreção de ácido pelas células do estômago: Inibidores da bomba de prótons como omeprazol, pantoprazol, esomeprazol e Dexilant.
Existem ainda outros fármacos que proporcionam um alívio sintomático mais modesto e menos duradouro como os antiácidos (ex. Bicarbonato de sódio, Hidróxido de alumínio) e os protetores da mucosa gástrica (ex. Sucralfato).
Dicas de medidas de mudanças na dieta e estilo de vida:
– Fazer refeições pequenas e de 3/3 horas;
– Evitar alimentos ricos em gorduras, ácidos, chocolate, alimentos industrializados e multiprocessados, leite em excesso, café e bebidas alcoólicas;
– Não fumar;
– Redução de peso quando existe excesso de peso ou obesidade;
– Evitar refeições nas 2 horas antes de se deitar;
– Elevação da cabeceira da cama.